2017-03-29
Mais de 6500 pessoas, por ano, escolhem as Termas de Chaves para realizarem tratamentos
Todos os anos a cidade flaviense recebe milhares de visitantes atraídos pelo seu património monumental e cultural e também pela sua gastronomia. Mas Chaves é muito mais do que isso e já muitos a descobriram pelas suas águas medicinais. Por ano, as Termas de Chaves faturam em média mais de 840 mil euros com os programas de cura terapêutica e de relaxamento, mas é sobretudo o impacto ao nível da hotelaria, restauração e comércio que fazem deste empreendimento a “galinha dos ovos de ouro” da cidade. O presidente do Conselho de Administração da GEMC, EM – SA, empresa municipal que gere os balneários termais de Chaves e Vidago, fez o balanço destes quase dois anos de funcionamento das Termas de Chaves desde a sua reabertura.
Voz de Chaves: As Termas de Chaves reabriram no dia 28 de março de 2015, depois de terem sido alvo de obras de requalificação no valor de mais de três milhões de euros, comparticipadas em 80% por fundos comunitários. Ao fim de quase dois anos em funcionamento, qual o balanço que faz?
Paulo Alves: Após uma interrupção necessária, que permitiu requalificar o complexo termal de Chaves, renasceu um novo equipamento termal com novas ofertas no âmbito do termalismo terapêutico, com aquisição de novos e modernos equipamentos e a ampliação da oferta termal, e um conceito de bem-estar termal diferenciado, no qual se enquadra o Clube Termal Aquae Ativo.
As duas épocas termais precedentes revelaram uma consolidação inegável das Termas de Chaves como polo termal de referência no âmbito do termalismo nacional, prestando cuidados de saúde e promovendo momentos de relaxamento e bem-estar, experiências verdadeiramente únicas.

V.C.: A cidade de Chaves conseguiu voltar a afirmar-se no panorama termal a nível nacional? Quais os dados que dispõe acerca do número de aquistas e as receitas geradas?
P.A.: A nível nacional, as Termas de Chaves voltaram a ocupar o seu lugar no ranking sendo que no ano de 2015 recebeu mais de 3500 utentes na cura termal e aproximadamente 3 mil clientes no bem-estar termal, ultrapassando-se assim a fasquia dos 6500 termalistas. O volume de negócios superou os 850.000,00€.
Na época termal de 2016 o balanço foi igualmente positivo, apesar do decréscimo verificado, em linha com o termalismo nacional, com uma receita global gerada de mais de 835.000.00€, reflexo das mais de 3 mil inscrições no termalismo terapêutico e de cerca de 3 mil clientes que nos procuram no bem-estar termal.
Esta descida do número de termalistas, no âmbito da cura termal, encontra uma explicação na perda dos cerca de 200 termalistas dos programas promovidos pela INATEL de “Saúde e Termalismo Sénior”, que por falta de unidade hoteleira a concorrer ao programa penalizam diretamente as Termas de Chaves que não possui alojamento próprio. Acresce ainda que a situação ocorrida com o encerramento do Hotel Aquae Flaviae, devido à presença de legionella, situação de conhecimento público, conduziu, igualmente, a uma perda de termalistas nos dois períodos em questão.
Nesta perspetiva, e em jeito de conclusão, reconhecemos que há ainda muito trabalho para fazer, novos mercados para explorar, num mercado cada vez mais concorrencial, mas acima de tudo as Termas de Chaves continuam a ser reconhecidas pelo seu valor terapêutico e inegável qualidade da sua água termal.
V.C.: O espaço termal continua a ser o principal motor de desenvolvimento económico local?
P.A.: Inquestionavelmente as termas são o maior polo de atratividade ao nível da economia local, no âmbito do turismo termal, trazendo até Chaves todos os que o fazem por motivos de saúde e encontram aqui um destino perfeito para se restabelecerem. A busca de relaxamento e momentos de descontração trazem até nós um cliente mais jovem e famílias.
No tempo que permanecem nas termas os turistas-termalistas usufruem também na plenitude de ofertas cultural, patrimonial, natural e gastronómica, reforçando a qualidade do destino enquanto Capital Termal, com os balneários termais de Chaves e Vidago.
Em média, o termalista num programa de cura termal em Chaves gasta cerca de 250€, ou seja, em termos indiretos gasta em média (hotelaria, restauração e comércio local) cerca de 2,5 a 3 vezes o valor referido. A partir destes dados podemos constatar os efeitos multiplicadores que a atividade termal tem na nossa economia local, pois esses mesmos termalistas permanecem entre 10 a 12 dias no nosso concelho. Para além destes efeitos indiretos temos os efeitos diretos a nível de emprego e no setor do termalismo todos os anos empregamos cerca de 90 pessoas com contratos sazonais, com duração média de seis meses.
V.C.: As Termas de Chaves são utilizadas na sua maioria para fins terapêuticos. Quais são os tratamentos mais procurados pelos aquistas?
P.A.: A procura das Termas de Chaves no âmbito do termalismo terapêutico prende-se com as indicações terapêuticas para as quais há reconhecimento: doenças músculo-esqueléticas, doenças das vias respiratórias, doenças do aparelho digestivo. Assim, os tratamentos mais prescritos pelos nossos médicos hidrologistas são o duche massagem tipo Vichy, piscina com técnicas de fisioterapia e hidromassagem.

V.C.: No caso das piscinas, na sua opinião, esse espaço não poderia ser rentabilizado de outra forma? Nomeadamente ao nível do lazer?
P.A.: As piscinas existentes no balneário são utilizadas maioritariamente para a cura termal e nos programas de bem-estar termal que têm esta prática termal incluída. Para além disto foi recentemente criado o Cube Termal Aquae Ativo onde a piscina é um equipamento com muita procura entre os outros disponibilizados e aqui a rentabilização está assegurada fora do horário normal do balneário, já que o clube termal funciona entre as 19h e as 21h.
V.C.: Em que consiste o Clube Aquae Ativo? É para todas as pessoas?
P.A.: O Clube Termal Aquae Ativo foi criado na perspetiva de alargar a oferta de serviços disponibilizados pelas Termas de Chaves, numa aproximação à população residente, permitindo uma utilização do complexo termal fora do seu período normal de funcionamento, programa este que prevemos que durante o ano de 2017 terá uma grande procura por parte dos flavienses.
Através de uma adesão mensal, com opção de três ou seis utilizações semanais, e com uma mensalidade de 25€ e 40€, respetivamente, o clube termal permite acesso livre a ginásio, piscina com aquagym, sauna e banho turco, dispondo de horários com aulas orientadas e outras livres.
O acesso ao Clube Termal, para maiores de 18 anos, beneficia da garantia e segurança dos serviços clínicos das Termas de Chaves, já que é condição obrigatória para a sua adesão a realização de consulta médica.
Acresce que os utilizadores do Clube Termal beneficiam de acesso aos demais serviços termais em condições vantajosas, não acumuláveis com outras promoções em vigor, a saber:
– Termalismo terapêutico: 20% de desconto sobre as tabelas em vigor, exceto inscrição, consultas médicas, serviços de nutrição e podologia e enfermagem.
– Bem-estar termal: 10% de desconto sobre os preços em vigor de bem-estar termal.
V.C.: Para além dos diversos tratamentos de saúde que as termas oferecem aos seus utilizadores, atualmente, e depois da sua reabertura, o espaço termal passou a oferecer serviços de relaxamento e bem-estar, esse foi aliás um dos motivos que levou ao aumento do espaço das Termas de Chaves. Que procura é que esses serviços têm tido?
P.A.: O bem-estar termal é um conceito que foi introduzido no ano 2004 nas Termas de Chaves, quando a legislação que regula o setor termal permitiu esta abertura, já que até aí os balneários só podiam oferecer os serviços dedicados exclusivamente à cura, funcionando até às obras de remodelação nas instalações existentes com as devidas adaptações do espaço. Após as obras foi concebido um espaço exclusivamente dedicado a este conceito, no qual se promovem os programas de bem-estar e relaxamento termal, permitindo ao cliente permanecer num local mais tranquilo, que permita recuperar a energia, a boa forma e equilíbrio, com recurso à qualidade terapêutica da água termal.
A procura destes serviços foi crescendo sustentadamente ao longo dos anos, tendo-se iniciado em 2004 com 181 programas e em 2016 atingimos os 2981 programas de bem-estar termal.

V.C.: A aposta em serviços de relaxamento e bem-estar tem valido a pena?
P.A.: A oferta complementar à principal atividade terapêutica do balneário, centrada na disponibilização dos programas de bem-estar termal foi uma aposta claramente ganha.
A necessidade de relaxamento e a busca por momentos de lazer encontram na definição de bem-estar termal um forte aliado que nos permite encontrar um ponto de equilíbrio e restabelecer física e mentalmente com o recurso aos programas termais onde a água termal é protagonista.
Com a atual tendência de mercado e da evolução de procura crescente por parte de um público mais jovem do que o que nos procura no âmbito da cura termal, a aposta nos serviços de bem-estar termal é uma aposta ganha e que trazem maior sustentabilidade ao balneário termal.
V.C.: Em junho do ano passado foi inaugurado o Balneário Pedagógico de Investigação e Desenvolvimento de Práticas Termais de Vidago aumentando a oferta termal no concelho. De que forma é que este espaço veio complementar a oferta?
P.A.: O Balneário Pedagógico de Desenvolvimento de Práticas Termais de Vidago (BPIPTV) pretende revitalizar o termalismo na vila de Vidago e torná-lo acessível à população em geral e a todos os turistas termais.
Este novo espaço termal tem como objetivo dar resposta aos novos desafios do turismo termal, disponibilizando serviços e tratamentos baseados nas atuais tecnologias, integrando a componente pedagógica de investigação e desenvolvimento de práticas termais.
Pelas caraterísticas singulares da água termal de Vidago, mundialmente reconhecida, o BPIPTV é inquestionavelmente um equipamento que permitirá impulsionar o termalismo no concelho e na região aumentando a sua oferta e leque de escolha por parte dos clientes, e elevando Chaves a capital termal!
O Balneário Pedagógico de Vidago e as Termas de Chaves são estruturas que se complementam pela particularidade das suas águas termais, que estando tão próximas são distintas e com aplicações terapêuticas diferenciadas, mas com grande valor científico e terapêutico.
V.C.: Com a abertura do Balneário Pedagógico de Vidago era esperado que o espaço fosse mais um polo de atração, trazendo por isso mais turistas não só a Vidago mas também à cidade flaviense. As expectativas têm sido concretizadas?
P.A.: A procura do Balneário Pedagógico de Vidago, apesar de ter sido o primeiro ano de atividade e ter funcionado apenas entre meados do mês de junho e 30 de outubro, ou seja, pouco mais de quatro meses, contou com uma procura de aproximadamente 320 termalistas.
Alguns fatores foram ainda limitadores para que estes números não fossem mais elevados, que esperamos ver consolidados em cada nova época termal, como o acesso condicionado à água termal que é fornecida pela Unicer, que obrigou a uma paragem inesperada no final da época termal, alheia à normal atividade do Balneário Pedagógico de Vidago, que funcionou normalmente na vertente terapêutica sem recurso à água termal, com todos os serviços em pleno funcionamento, à exceção do setor de inaloterapia.
Nesta nova época termal que se avizinha terá de ser feito um esforço promocional que permita divulgar esta nova unidade termal como polo inovador e de excelência na vertente curativa, de experiência termal e centro pedagógico.
V.C.: O espaço tem contribuído para o desenvolvimento local, nomeadamente ao nível da hotelaria e restauração? Em suma, que mais-valias já trouxe para Vidago, ou mesmo para o concelho, que poderá apontar?
P.A.: Nesta fase, o Balneário Pedagógico de Vidago pode ser visto como a âncora que pretendemos que coloque Vidago de novo como grande vila termal que já foi, permitindo atrair investimento privado, que reconheça nesta vila o potencial turístico e termal que lhe são reconhecidos pela história.
A hotelaria em Vidago é insuficiente e ficaria muito satisfeito se este investimento da autarquia fosse o veículo condutor para o ressurgimento de novas unidades hoteleiras, recuperação do património hoteleiro degradado que poderá dar origem a excelentes projetos, e se desenvolvessem todos os outros setores do pequeno comércio.
A procura por famílias inteiras, que no período áureo se deslocavam a Vidago em busca da sua água termal única, será certamente uma realidade com a qual nos vamos deparar num futuro próximo, pela saudade e memórias que possuem deste local idílico.
Também esperamos por todos aqueles que associam a vila termal a um pequeno paraíso e verão neste novo equipamento mais um motivo para fazerem uma pausa e encontrarem um espaço dedicado para se manterem em forma, com planos personalizados sob supervisão médica, sob a epígrafe desta água termal de renome mundial: Vidago!
Saiba Mais: http://diarioatual.com/6500-pessoas-ano-escolhem-as-termas-chaves-realizarem-tratamentos/